Nuno Santos - Director de Programas da RTP
"HÁ FALTA DE ROSTOS NA TELEVISÃO PORTUGUESA"
O Director de Programas da RTP afirma que, quando chegou à televisão do Estado, encontrou um canal “em crise profunda”. Nuno Santos refere que há uma falta de novos rostos na televisão portuguesa e não comenta a afirmação de Francisco Penin que acusa a RTP de ter uma “contra – programação selvagem”.
José Manuel Monteiro: Que canal encontrou quando chegou à RTP?
Nuno Santos: Encontrei um canal e uma empresa em crise profunda. Explicar todas as razões levaria demasiado tempo. No caso da RTP 1 o canal tinha perdido a sua relação de confiança e de afectividade com os espectadores e não era um player activo no mercado.
JMM: Alguma vez sentiu algum tipo de pressões por parte do governo?
NS: Não. Nos órgãos de comunicação social, pela capacidade que eles têm de influenciar e moldar os gostos e as opiniões dos públicos, todos os agentes sociais – sem excepção, dos partidos aos clubes desportivos, das associações cívicas às corporações querem ser escutados e todos tentam a melhor maneira de o fazer. Isso, de certa forma, é uma pressão e eu convivo muito bem com ela. Agora intervenção directa ou pressão no sentido que está inerente na sua pergunta reafirmo que não. Nem do actual Governo, nem dos anteriores.
JMM: Considera-se um jornalista que é director de programas ou um director de programas que um dia foi jornalista?
NS: Considero-me um jornalista que exerce as funções de Director de Programas.
JMM: Considera que a RTP tem feito serviço público?
NS: Considero. Poderia dar muitos exemplos mas limito-me a remeter para o contrato de concessão. A diversidade na nossa programação e uma grelha pensada para todos os públicos respondem por nós.
JMM: Os apresentadores de programas de entretenimento da RTP apresentam mais do que um programa. Há falta de novos rostos no canal?
NS: Há falta de rostos na televisão portuguesa. Repare que a RTP, mesmo tendo a situação que refere, é a estação que tem mais diversidade. Já viu quantos “apresentadores” têm a SIC ou a TVI?
JMM: Tem estado mais atento à SIC depois que mudou de direcção de programas?
NS: Estou pela minha natureza e por força das minhas funções muito atento a todos. Procuro também recolher informação. A recente alteração fez- me olhar com mais atenção para a SIC para entender o que está a acontecer mas o meu foco está, como é evidente, na RTP e não nas outras estações
JMM: Francisco Penim, numa entrevista à revista Visão, acusou a RTP de fazer “contra – programação selvagem” e mostrou interesse em voltar a ter no canal a Catarina Furtado. Quer comentar?
NS: Não. Não vou perder mais tempo com esse assunto.
JMM: A concorrência tem sido leal?
NS: O mercado português, até por força da legislação, é peculiar. Por vezes acontecem situações que não fazem nenhum sentido. A RTP tem uma matriz e um caminho e não se deixa afectar por questões dessa natureza.
JMM: Há algum nome de outro canal que gostasse de ter na RTP?
NS: Temos uma equipa excelente. Prefiro valorizar este aspecto.
JMM: Tem havido uma aposta na ficção nacional. Vai continuar essa aposta em 2006?
NS: Vai mesmo intensificar-se. Isso consta das propostas que apresentámos e estamos a trabalhar na sua concretização.
JMM: Ainda faz sentido produzir no Porto programas como o “Praça da alegria” e o “Portugal no coração”?
NS: Faz sentido produzir esses programas. Em abstracto até diria que é indiferente o sítio onde eles são produzidos. No entanto fazê-los a partiir do Porto também significa que o Operador público considera relevante ter capacidade de produção instalada noutras cidades do país e não apenas em Lisboa. Alguns dos melhores profissionais da RTP estão no Porto.
JMM: Júlio Isidro tem aparecido recentemente a colaborar em alguns programas. É um teste à sua popularidade para uma eventual apresentação desses programas?
NS: Com toda a certeza o Júlio não precisa de testes de popularidade. É um grande profissional de televisão e está em óptima forma.
JMM: Qual é a grande lacuna a preencher na grelha da RTP?
NS: Em matéria de géneros mais ficção em português. Do ponto de vista conceptual a questão é mais ampla.
JMM: Que novos projectos vão ser apresentados em 2006?
NS: Recomendo-lhe o site http://www.rtp.pt/. Não está lá tudo mas vai encontrar o essencial. Nenhuma estação tem tão definida, pelo menos publicamente, a sua linha de produção.
José Manuel Monteiro: Que canal encontrou quando chegou à RTP?
Nuno Santos: Encontrei um canal e uma empresa em crise profunda. Explicar todas as razões levaria demasiado tempo. No caso da RTP 1 o canal tinha perdido a sua relação de confiança e de afectividade com os espectadores e não era um player activo no mercado.
JMM: Alguma vez sentiu algum tipo de pressões por parte do governo?
NS: Não. Nos órgãos de comunicação social, pela capacidade que eles têm de influenciar e moldar os gostos e as opiniões dos públicos, todos os agentes sociais – sem excepção, dos partidos aos clubes desportivos, das associações cívicas às corporações querem ser escutados e todos tentam a melhor maneira de o fazer. Isso, de certa forma, é uma pressão e eu convivo muito bem com ela. Agora intervenção directa ou pressão no sentido que está inerente na sua pergunta reafirmo que não. Nem do actual Governo, nem dos anteriores.
JMM: Considera-se um jornalista que é director de programas ou um director de programas que um dia foi jornalista?
NS: Considero-me um jornalista que exerce as funções de Director de Programas.
JMM: Considera que a RTP tem feito serviço público?
NS: Considero. Poderia dar muitos exemplos mas limito-me a remeter para o contrato de concessão. A diversidade na nossa programação e uma grelha pensada para todos os públicos respondem por nós.
JMM: Os apresentadores de programas de entretenimento da RTP apresentam mais do que um programa. Há falta de novos rostos no canal?
NS: Há falta de rostos na televisão portuguesa. Repare que a RTP, mesmo tendo a situação que refere, é a estação que tem mais diversidade. Já viu quantos “apresentadores” têm a SIC ou a TVI?
JMM: Tem estado mais atento à SIC depois que mudou de direcção de programas?
NS: Estou pela minha natureza e por força das minhas funções muito atento a todos. Procuro também recolher informação. A recente alteração fez- me olhar com mais atenção para a SIC para entender o que está a acontecer mas o meu foco está, como é evidente, na RTP e não nas outras estações
JMM: Francisco Penim, numa entrevista à revista Visão, acusou a RTP de fazer “contra – programação selvagem” e mostrou interesse em voltar a ter no canal a Catarina Furtado. Quer comentar?
NS: Não. Não vou perder mais tempo com esse assunto.
JMM: A concorrência tem sido leal?
NS: O mercado português, até por força da legislação, é peculiar. Por vezes acontecem situações que não fazem nenhum sentido. A RTP tem uma matriz e um caminho e não se deixa afectar por questões dessa natureza.
JMM: Há algum nome de outro canal que gostasse de ter na RTP?
NS: Temos uma equipa excelente. Prefiro valorizar este aspecto.
JMM: Tem havido uma aposta na ficção nacional. Vai continuar essa aposta em 2006?
NS: Vai mesmo intensificar-se. Isso consta das propostas que apresentámos e estamos a trabalhar na sua concretização.
JMM: Ainda faz sentido produzir no Porto programas como o “Praça da alegria” e o “Portugal no coração”?
NS: Faz sentido produzir esses programas. Em abstracto até diria que é indiferente o sítio onde eles são produzidos. No entanto fazê-los a partiir do Porto também significa que o Operador público considera relevante ter capacidade de produção instalada noutras cidades do país e não apenas em Lisboa. Alguns dos melhores profissionais da RTP estão no Porto.
JMM: Júlio Isidro tem aparecido recentemente a colaborar em alguns programas. É um teste à sua popularidade para uma eventual apresentação desses programas?
NS: Com toda a certeza o Júlio não precisa de testes de popularidade. É um grande profissional de televisão e está em óptima forma.
JMM: Qual é a grande lacuna a preencher na grelha da RTP?
NS: Em matéria de géneros mais ficção em português. Do ponto de vista conceptual a questão é mais ampla.
JMM: Que novos projectos vão ser apresentados em 2006?
NS: Recomendo-lhe o site http://www.rtp.pt/. Não está lá tudo mas vai encontrar o essencial. Nenhuma estação tem tão definida, pelo menos publicamente, a sua linha de produção.
3 comentários:
Concordo com o Director da RTP. De facto faltam rostos na nossa televisão e já chega de tantas loiras que quando abrem a boca nada dizem. Aposte em novas pessoas sr. director, mas com valor.
Parabéns ao autor do blogue.
Aldina Afonso - Santarém
De facto a RTP tem vindo a melhorar e isso deve-se muito ao director Nuno Santos. Parabéns pela entrevista que está muito bem conduzida.Pelo que vi é estudante de jornalismo, ciencias da comunicação da Universidade do Porto. Acho que tem pela frente um futuro brilhante. Espero que a RTP ou outro canal aproveite gente nova e boa como o autor deste blogue. É de pessoas assim que precisamos para mudar um pouco o cinzentismo das nossas televisões.
Marco Hélio, Lisboa
Numa época em que os media estão presentes em todo o lado foi interessante ler o que se passa e o que se pensa nos bastidores da RTP.
Parabéns à RTP pelas iniciativas que tem promovido e que têm feito companhia a milhões de portugueses espalhados pelo mundo.
Parabéns também ao autor do blogue e desejos que continue o bom trabalho.
Bruno - V.N.Gaia
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