26 março 2006

A saúde anda doente


Que a saúde em Portugal anda doente já todos nós sabíamos, mas eu pessoalmente nunca tinha o constatado.

Confesso que quando estou a precisar de consultas especializadas recorro sempre aos médicos particulares.

Acontece que, e não é que isso interesse muito ao leitores deste blogue, foi-me detectado um ligeiro desvio do septo nasal o que equivale a dizer que não respiro, como devia, pelo nariz.

Após várias consultas de otorrinolaringologia, algumas delas com médicos bastante conceituados nessa especialidade, chegou-se à conclusão que a melhor solução seria uma cirurgia.

O que eu não estava à espera era de ouvir da boca desses médicos que este tipo de operação não é comparticipada pelo Estado por ser considerada de “cosmética”.

Sem desconfiar dos meus médicos, lá fui eu confirmar junto de um ex director clínico de um hospital essa explicação. De facto estava correcta.

Decidi ir ao meu médico de família para me encaminhar para o hospital de Stº. António (em cima na fotografia) para que eu pudesse explicar o meu problema e quiçá encontrar um cirurgião generoso que corroborasse da minha indignação e me efectuasse essa cirurgia sem que eu tivesse de desembolsar uma elevada quantia de euros.

O meu médico de família lá me alertou que isso seria complicado e também me veio com a explicação que “o Estado português considera esta operação de cosmética”.

Após insistência minha lá recebo a tão desejada carta para marcar uma consulta no hospital de Stº António, o que fiz de imediato no passado mês de Outubro.

Como até esta semana ainda não tinha recebido qualquer notificação para a consulta decidi dirigir-me novamente ao hospital para saber o que se estava a passar pela demora.

Uma senhora simpática atendeu-me e explicou-me que as consultas de otorrinolaringologia estão com um ano de atraso. Para o comprovar até me mostrou o processo de uma senhora que aguardava na sala de espera e de facto essa doente tinha marcado consulta à um ano atrás.

Eu, com o meu habitual sentido de humor, expliquei à funcionária que provavelmente quando fosse chamado já teria morrido ao qual ela me responde que nessa altura também já não precisava da consulta.

Pior de tudo isto é que continuo com o desvio do septo nasal, e corro o sério risco de chegar à consulta e não ver o meu problema resolvido só porque o facto de eu querer respirar normalmente é considerado uma mera operação de cosmética.

E assim anda este país, doente nas finanças e pior de tudo: doente na saúde!

Jornal "Académico"



Esta semana chegaram até às minhas mãos vários exemplares do jornal semanal “Académico” da Universidade do Minho (UM).

Este jornal é todo ele elaborado pelos alunos do curso de Comunicação Social daquela Universidade pública.

Num formato A3 e com 16 páginas, a primeira, as centrais e a última página são a cores. Neste jornal são tratados os assuntos relacionados com a UM, mas há também espaço para criticas / sugestões de música, cinema, publicidade e ainda a opinião dos leitores.

O grafismo é muito bom e as matérias são tratadas de uma forma de agradável leitura.

O jornal pertence à Associação Académica da Universidade do Minho e saiu esta semana o número 22 daquele semanário.

Fica aqui um bom exemplo dos futuros jornalistas da UM e a prova de que é possível elaborar um jornal, académico, semanal.

Ficava bem à Universidade do Porto (UP) a criação de um projecto semelhante uma vez que o único jornal que existe é o JUP e é um jornal da academia do Porto, com uma distribuição mensal e a precisar, URGENTEMENTE, de uma renovação em termos gráficos.

Ao Vasco Leão, Mariana Pinheiro, Raquel Malaínho, Tiago Vaz Osório e restante equipa do “Académico” os parabéns pelo jornal.

17 março 2006

A produtividade portuguesa



Esta imagem mostra bem aquilo que acontece em muitas obras, essencialmente públicas, portuguesas.
Depois andamos a reclamar que os impostos foram aumentados e que temos salários muito baixos.
Sem sermos escravos devemos produzir sempre e cada vez mais para que este nosso país possa, finalmente, avançar e tornar-se no tão cantado "paraíso à beira mar plantado".
A quem me enviou esta imagem, por email, o meu obrigado.

10 março 2006

A avenida cinzenta


A imagem que se encontra em cima passou à história. A avenida dos Aliados, no Porto, encontra-se em obras.
Com a passagem do metro naquela artéria da cidade e com a criação de uma estação, a empresa “Metro do Porto” decidiu proceder à (des)requalificação daquela avenida.

Os grandes mentores do novo urbanismo são os, não menos grandes, arquitectos portuenses Souto Moura e Siza Vieira.

Várias pessoas levantaram vozes contra o facto daquele espaço perder a calçada típica portuguesa para dar lugar a cubos de granito.

Confesso que no início nunca percebi muito bem o porquê daquelas vozes discordantes. Confesso também que não percebo nada de arquitectura e que olhar para um projecto é o mesmo que olhar para nada.

Agora que as obras se encontram em fase adiantada já dá para termos uma percepção de como aquilo ficará. E vai ficar simplesmente feio e descaracterizado.

O Porto já é uma cidade fria devido ao seu clima e à forma como foi projectada no passado, mas colocar aqueles cubos graníticos cinzentos na “sala de visitas” da invicta não me parece a melhor solução. Mais, eliminaram uma calçada que é tipicamente portuguesa, e que dava um toque muito peculiar, muito nossa, àquele espaço.

As árvores também foram cortadas.

Não entendo que numa altura de contenção financeira se tenham criado três estações de metro ( Trindade; Aliados; S. Bento) num espaço tão curto.

De facto, têm razão todos aqueles que levantaram vozes discordantes do actual projecto.O Porto ficou mais feio e muito mais pobre.

09 março 2006

UP Média: O novo canal de televisão


A Universidade do Porto (UP) vai apresentar em Março, no dia da Universidade, a UP Média.

Será um canal de televisão interno que tem como objectivos contribuir para uma visão unificada da UP, apoiar necessidades de Comunicação das entidades da UP, possibilitar a exibição de produção experimental na área da comunicação da cultura e ciência, apoiar eventos e debates de interesse da UP e servir de experimentação e treino para alunos.

Este projecto está a ser desenvolvido pela Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) e pelo curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação (JCC).

A distribuição do canal, usando tecnologia desenvolvida na UTM, recorre à tecnologia peer-to-peer e constitui uma aplicação inovadora no cenário das Corporate TVs.

Este projecto, inicialmente, iria chamar-se UPTV, mas logo outra empresa se apressou a registar esse nome e fazer um projecto semelhante para transmissão em Universidades privadas e Politécnicos.

Nas instalações do curso de JCC já se sentem as movimentações no sentido das emissões começarem muito em breve, ao que consegui apurar, ainda este ano.

Das novidades posso adiantar que os conteúdos de cada faculdade serão identificados pelas respectivas cores que diferem em todas as faculdades.

Prometo acompanhar este projecto intensamente e trazer mais pormenores.

05 março 2006

Liberdade sim, abuso não!


Hoje fiquei intrigado ao vêr no jornal Expresso um cartoon criado pela Juventude Popular (JP) em que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, é satirizado numa alusão aos tão contestados cartoons do profeta Maomé.

Primeiro, é interessante verificar que o Partido Popular (PP) ainda não digeriu muito bem a integração de um dos seus fundadores num governo socialista. Ninguém é ingénuo em pensar que esse cartoon não tem a conivência de algumas figuras destacadas da cúpula do PP.

Segundo, não entendo o porquê da má interpretação das palavras de Freitas do Amaral.
Eu nasci já no pós vinte e cinco de Abril o que significa que para mim essas histórias da censura mais perecem um qualquer filme do Al Capone.

Sou daqueles que defende a democracia e a laicismo das nações. Mas num estado onde existe total liberdade de expressão há que ter em consideração aquilo que sempre ouvi dizer em miúdo: “a nossa liberdade termina quando começa a dos outros.”

De facto devemos viver em liberdade, mas considero que há valores a preservar porque qualquer dia, ao abrigo da pertença liberdade de expressão, as pessoas podem devassar valores que nos são sensíveis.

Quantos de nós gostaria de ter o pai ou mãe satirizado ou ridicularizado num cartoon? Quantos de nós gostaria de ver adulterado os valores da nossa nação?

Penso que podemos, e devemos, usar a liberdade de expressão, mas a mesma não pode nunca ultrapassar ou ferir os valores que tocam profundamente as pessoas. Não podemos esquecer que a religião é algo que está próximo dos que nela acreditam.

Obviamente que os factos não justificam os fins, ou seja, os muçulmanos perderam toda a razão quando utilizaram meios e métodos agressivos contra tudo e contra todos para mostrar a sua indignação.

Reitero que sou um acérrimo defensor “das liberdades”, mas espero que a liberdade de expressão não seja para devassar, atingir ou ferir, conscientemente, os outros porque poderá tornar-se numa poderosa arma tal como era a censura mas aqui com um método contrário, sendo, no entanto, o objectivo o mesmo: tirar proveito através de alvos estratégicos.