27 outubro 2006

As autarquias e o ambiente


Em campanha eleitoral não há candidato a Câmara Municipal deste país que não se mostre sensibilizado com o ambiente. Mas após as eleições, os autarcas aproximam os seus munícipes das questões ambientais através das páginas web dos municípios? Fomos navegar nos sites das Câmaras…

A Internet é um meio cada vez mais utilizado para todo o tipo de fins.
As autarquias já criaram as suas páginas na Internet para irem, mais rapidamente, ao encontro dos cidadãos. Mas, e os temas relacionados com o ambiente como se encontram representados nas páginas dos municípios portugueses?

A Universidade Técnica de Lisboa elaborou um estudo, coordenado pelo Professor Luís Ribeiro Vieira, sobre a qualidade dos serviços e informações prestadas pelos sites na Internet das Câmaras Municipais de Portugal.

Num Universo de 308 autarquias as que ficaram nos sete primeiros lugares foram: Pombal, Portalegre, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Porto, Odivelas e Amarante.

Com base neste estudo fomos consultar o site destes municípios e verificar que informações, sobre o ambiente, fornecem aos seus munícipes.

Começando pelo site www.cm-pombal.pt, verificamos que a informação ambiental não chega aos habitantes de Pombal. Não se encontra qualquer referência ao ambiente.

Passamos para o site da Câmara de Portalegre. Um vídeo inicial mostra as potencialidades daquele concelho. Após saltar a apresentação lá está um link que nos remete para o ambiente. Informações de que vão desde o canil ate aos cemitérios e feiras. Um dado curioso: tem um sobre a reciclagem com a contagem dos ecopontos do concelho e a localização dos mesmos.

Subimos um pouco no mapa e fomos parar em Vila Nova de Gaia. Entramos no endereço www.cm-gaia.pt . Um leigo nestas andanças da Internet não descobriria onde se encontra o link para ambiente. Só clicando no directório municipal é que o descobrimos. Mas valeu a pena. Em destaque o contacto telefónico para recolha de objectos volumosos. Mais em baixo o cibernauta fica a conhecer o departamento municipal de salubridade pública e ambiente, todas as campanhas que foram promovidas sobre educação ambiental, as perguntas mais frequentes e respectivas respostas sobre as questões ambientais e as vantagens dos ecopontos e da reciclagem.

Atravessando a ponte, chegamos ao município portuense. Em destaque, no site, no lado esquerdo temos um convite para visitar a página sobre o ambiente no Porto.

Após um click, lá se abre a página. As informações vão desde os cemitérios até á higiene pública. Sem qualquer conteúdo está o link relacionado com educação ambiental, linhas de água e ruído. De salientar que a autarquia disponibiliza, online, um mapa com os espaços verdes assinalados e muita informação sobre os resíduos – que vão desde como os tratar até aos horários de recolha do lixo. Existe no município a “ecolinha” que presta esclarecimentos relevantes sobre a higiene e limpeza. Através desta linha também se podem fazer reclamações e sugestões.
Através de um link conseguimos aceder às informações da Agenda 21.

No endereço electrónico http://www.cm-matosinhos.pt/ temos dificuldade em perceber onde está o link do ambiente. Apesar da página web ter algumas fotografias de jardins daquele concelho, só a muito custo é que descobrimos o acesso à temática “ambiente” na secção “município”.

Misturadas com as poucas informações ambientais estão notícias que vão desde o centro de atendimento à toxicodependência e a inauguração de novas vias.
Quanto a actividades de educação ambiental, só encontramos as que foram realizadas este verão, não estando programadas nenhumas até ao final deste ano.
O nome das praias de Matosinhos surgem sem a sua localização ou qualquer outro tipo de indicações importantes como a qualidade da água.

Outro classificado no ranking dos 7 melhores sites autárquicos é o de Odivelas. Após uma consulta atenta e pormenorizada é que encontramos a informação ambiental. Para aceder a essas informações temos de clicar em Câmara Municipal, depois em serviços e equipamentos e só depois é que encontramos o tão procurado link sobre ambiente
Há de tudo: áreas de intervenção, notícias, campanhas, publicações e informações úteis.
Apesar da dificuldade em aceder ao link, vale a pena a consulta, pela qualidade e quantidade da informação prestada.

Terminamos esta nossa ronda pelo site classificado em 7 lugar, dos 308 analisados pela Universidade Técnica de Lisboa.
Em http://www.cm-amarante.pt/ encontramos em destaque uma ligação para uma página denominada de “cantinho da água” com alertas para poupar da água.
Mais informações sobre ambiente só existem na loja do munícipe e são muito poucas e algumas delas até bastante desactualizadas.

Desta nossa consulta podemos concluir que, sendo um tema sempre abordado nas campanhas eleitorais, os municípios portugueses, pelo menos os por nós consultados, não dão muita importância, nas suas paginas web, às questões ambientais.

17 outubro 2006

Os critérios do governo


O Primeiro-Ministro José Sócrates, inaugurou recentemente mais uma Scut - auto-estrada sem custos para o utilizador.
José Sócrates congratulou-se pela medida criada pelo governo socialista, por considerar que as Scuts permitem o desenvolvimento das regiões mais pobres do país.
Neste novo modelo de auto-estradas quem paga as portagens são todos os portugueses, independentemente de as utilizarem ou não.
João Cravinho, que foi o pai das Scuts, apresentou recentemente um estudo que comprova que as regiões, por onde elas passam, se desenvolveram muito mais.
Lamento que o critério seguido pelo governo não seja igual para todo o país.
A região do Baixo-Tâmega, da qual Amarante faz parte, é das mais pobres e deprimidas de Portugal.
Esta região é servida pela A4 que tem as portagens mais caras, por quilómetro, do país.
Amarante pertence ao distrito do Porto, distando deste cerca de 60km. Os amarantinos têm, portanto, que se deslocar regularmente à cidade invicta.
É, exageradamente, cara a viagem Amarante – Porto. Façamos contas para uma viatura classe 1 de gastos médios de combustível:

Portagens: 3,55€ x 2 = 7,10€
Gasolina: 15€
Desgaste da viatura: 10€
Total: 32,10€

São 32,10€ (TRINTA E DOIS EUROS E DEZ CÊNTIMOS) o preço de uma viagem de Amarante ao Porto.
Se o governo socialista seguisse os mesmos critérios, a A4 passaria a Scut. Desde logo porque tem um mau traçado; um péssimo piso de Penafiel a Paredes; é a única alternativa para as gentes da região transmontana e do Baixo-Tâmega e percorre uma das zonas mais pobres do país – com menor industrialização.
Não compreendo a criação de mais uma auto-estrada sem custos para o utilizador a servir Paços de Ferreira (que se situa a 30km do Porto) e que brevemente ligará Lousada / Felgueiras e posteriormente Chaves.
Mas os autarcas – aqueles que elegemos para defenderem a nossa terra – têm enormes responsabilidades. Não conseguem ser reivindicativos e, pior que tudo isso, não conseguem juntar sinergias para lutarem por interesses comuns.
Muitos presidentes de câmara colocam os interesses partidários acima dos interesses da sua terra.
É altura das populações se juntarem e serem elas a reivindicar os seus interesses.
BASTA!
Amarante não pode continuar a ficar para trás.
Lousada, aquela pequena vila perdida entre Penafiel e Paços de Ferreira, passa a estar ligada ao Porto, por auto-estrada, sem pagar portagens. E, através da A11, está ligada a Guimarães, Braga e Valença.
Não podemos continuar a deixar Amarante ficar para trás. Se fazemos parte de uma das regiões mais pobres do país, temos direito a ter os benefícios que o governo atribui a regiões semelhantes.
BASTA de promessas eleitorais! A freguesia de Vila Caiz, que ficou dividida ao meio pela A4, não pode continuar a ter a praça das portagens sem ter acesso à mesma.
Se o poder local se acomodou a população não pode ficar acomodada! Os presidentes da câmara passam mas o concelho permanecerá e há atitudes que se não forem tomadas agora, depois poderá ser tarde.