13 fevereiro 2006

"O voo da borboleta - Crónicas da sociedade de informação"


Foi lançado, esta semana, na fnac do norteshopping, o livro “O voo da borboleta – Crónicas da sociedade da informação” da autoria do Professor Reginaldo Rodrigues de Almeida.

No prefácio do livro afirma-se que “ como um jogo de palavras cruzadas, assim é a nossa sociedade. Cada letra e cada sílaba têm múltiplos entendimentos, têm variados sentidos, têm até, distintas interpretações, conforme a orientação. A pluralidade de sociedades onde vivemos em simultâneo é cada vez maior, fruto duma mescla ambígua e aparentemente contraditória de fragmentação e de globalidade”.

Joaquim Letria, que prefacia “O voo da borboleta refere que “nunca as informações circularam de forma tão abundante e instantânea, mas as decisões macro e microestratégicas são tomadas com base em dados restritos e informações classificadas, exclusivas de clientelas seleccionadas”.

Este livro, aparentemente direccionado para pessoas que estudam as matérias relacionadas com a comunicação/informação, é uma mais valia para todos aqueles que não querem deixar de pensar e que querem ter uma voz activa e participativa na sociedade em que vivemos.

O voo da borboleta – Crónicas da sociedade de informação” aborda os mais diversos temas – globalização; economia; educação; saúde; tecnologias; ambiente; cidadania - e é seguramente um livro que apela à reflexão.

Vivemos num mundo em que tudo acontece a uma velocidade quase inatingível. O sociólogo francês Dominique Volton chama-lhe a “cultura do instante”. Parece que as pessoas deixaram de ter memória e que apenas valorizam o presente: o imediato. Uma cidade, um país ou um continente sem memória deixa de ter história, de ter passado.

Somos confrontados com os slogans publicitários, redutores, a afirmar que vivemos numa Sociedade global”. Mas, de facto vivemos, inconscientemente, mergulhados em várias sociedades que vão desde a sociedade da mobilidade à sociedade da moda porque “ter e ter mais que os vizinhos parece ser algo, não só importante, como indispensável”.

A Internet veio vincar ainda mais a necessidade de cada indivíduo estar online com o resto da sociedade. O velho postal dos correios, outrora cantado pelo projecto musical Rio Grande” deu lugar ao e-mail. As visitas aos museus ou às bibliotecas foram substituídas por horas e mais horas em frente ao computador, porque estes, actualmente, são facilmente transportáveis. Cada vez é mais usual estarmos sentados no café e, à nossa frente, estarem várias pessoas com o computador portátil aberto insinuando que tudo nesta sociedade se tornou pragmático, até mesmo as relações inter-pessoais, porque o Messenger e outros programas similares possibilitam as conversas em tempo real como se real fosse a presença do nosso interlocutor.

A informação circula , também, a uma velocidade nunca anteriormente atingida. É possível ver, em directo, comodamente no sofá, um avião atravessar as torres gémeas em Nova Iorque matando milhares de pessoas. E o que foi dito no notíciario das 10 horas perde toda a actualidade quinze minutos depois.
O Professor Ciro Marcondes Filho considera mesmo que a crescente velocidade de circulação de mensagens e em quantidade crescente confunde os cidadãos. Questiona mesmo até que ponto, numa sociedade hipermediatizada, temos capacidade para captar tamanho caudal de informação a tão grande velocidade e muitas vezes contrária. Nos mass media sobre um determinado assunto o receptor pode encontrar perspectivas diferentes mas igualmente fundamentadas. O receptor fica desinformado. A palavra-chave são os critérios de selecção.

O livro “O voo da borboleta - Crónicas da sociedade da informação” é um bom ponto de partida para uma profunda introspecção sobre a necessidade de uma boa formação e informação ao serviço da comunidade. Um livro da editora Media XXI, a um preço acessível,a rondar os 15 euros, e da autoria do Professor Reginaldo Rodrigues de Almeida.

2 comentários:

Anónimo disse...

De facto vivemos numa sociedade em que as pessoas são cada vez mais passivas que activas e a prova disso mesmo está na abstenção nas eleições. Que esta sociedade da informação aproxime mais as pessoas.
Fernando - Porto

Anónimo disse...

Supostamente a sociedade de informação e toda a tecnologia com ela relacionada seriam uma forma de aproximação das pessoas de todo mundo... Mas será que é mesmo isso que acontece?
Bem, parece-me que nem sempre é isto que sucede. A verdade é que as novas tecnologias vieram permitir o contacto com outras pessoas no conforto do nosso lar, situação esta que provocou uma certa acomodação. Muitas pessoas acabam por substituir uma parte da sua vida social, pelo contacto através da Internet. Mas será que isto nos aproxima ou nos afasta?