Mário Viegas
Faz hoje, dia 1 de Abril, dez anos que morreu o grande actor, encenador e declamador de raro talento de seu nome Mário Viegas.
Recordo-me das muitas horas da minha adolescência passadas a ver esse GRANDE SENHOR do teatro.
José Saramago definiu-o um dia assim: “Era um cómico que levava dentro de si uma tragédia. Não me refiro à implacável doença que o matou, mas a um sentimento dramático da existência que só os distraídos e superficiais não eram capazes de perceber, embora ele o deixasse subir à tona da expressão às vezes angustiada do olhar e ao ricto sempre sardónico e amargo da boca. Fazia rir, mas não ria. Pouca gente em Portugal tem valido tanto."
Tantas vezes incompreendido, Mário Viegas decidiu candidatar-se à Presidência da República pouco tempo antes de morrer. A sua candidatura tinha como principal objectivo utilizar o espaço cedido pelas televisões para a campanha eleitoral para que ele pudesse despertar as consciências para o flagelo da sida.
Volvidos estes dez anos, parece que finalmente a classe política desperta para a chacina que é a sida, contudo Portugal continua a apresentar dos índices mais elevados da Europa de pessoas infectadas com o HIV.
No dia dos enganos surge a notícia da sua morte. Jorge Sampaio, na altura Presidente da República, afirma que “ Mário Viegas era um poeta, um homem que dizia poesia de uma forma admirável. Era um grande actor e encenador e teve sempre uma liberdade de espírito e um poder criativo extraordinário. Quem não se lembra da tão recente e espantosa criação, continuamente renovada, que foi o espectáculo «Europa não! Portugal nunca!!»? Mário Viegas sempre deu o seu testemunho sobre a vida social e política e, além de criador, foi um homem muito inserido no seu tempo, que deixa uma grande obra."
Homem de esquerda, Mário Viegas fazia questão em afirmar: “A minha vida é o Teatro e o Teatro é a minha vida”.
Até sempre Mário Viegas, Portugal agradece a sua passagem pela terra!
1 comentário:
Não posso dizer que me lembro de ver o Mário Viegas, porque estaria mentira. Mas, a sua figura ficará para sempre marcada na sociedade portuguesa, pelo menos no teatro.
Obrigado por nos lembrares, às vezes precisamos de uma mãozinha.
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